sábado, 10 de dezembro de 2022

A bússola que virou mapa

Luciano Pires

É difícil achar gente que pensa.

A inteligência é matéria prima raríssima.

Diante disso, começa a morrer o principal atributo dos brasileiros: a imaginação. A imaginação e a criatividade precisam de um repertório mínimo. Exigem PENSAR. E as pessoas não são ensinadas nem motivadas a pensar. Resultado?

Onde foram parar as pessoas para as quais pensar é uma necessidade, um prazer?

Na falta de conhecimento, coragem e imaginação, nos agarramos a fórmulas enlatadas, criadas no exterior. Assim, temos como manter nossa desordem nos trilhos... mediocremente

Agora, leve essa realidade para o ambiente empresarial e somea ao crescimento das empresas.

Um empreendimento que começou com vinte pessoas, vinte anos atrás, hoje tem quinhentas, mil, cinco mil. Um volume de gente assim é impossível ser administrado. Surgem então os gerentes… os chefes… os supervisores… os encarregados.

A maioria, gente que não sabe pensar. Minimamente preparada pelas escolas e depois pelos programas de treinamento das empresas, sempre focados em melhorar a eficiência operacional. Raramente preocupados em motivar o pensar. O poder é fragmentado e as decisões passam a ser tomadas por dezenas, centenas, milhares de pessoas sem preparo. Sem inteligência. Sem o hábito saudável do pensar. E esse fenômeno, em intensidades diferentes — de acordo com a infraestrutura educacional de cada país — é mundial.

E, um dia, alguém descobre que a única forma de colocar um exército de ignorantes na linha é dar-lhes um roteiro. Faça isso e aquilo. Depois, aquilo. E então, isto. E começam a surgir os programas de qualidade. A ISO 9000 é a primeira a ser implantada em grande escala. Adotada como exigência pelas grandes empresas para seus fornecedores, a ISO torna-se febre mundial e, num primeiro momento, realmente ajuda a colocar os processos das empresas em outro patamar, com um ganho de qualidade importante. E não é preciso muito tempo para que surjam outros programas, como QS, TS, Seis Sigma, PNQ… Cada um mais exigente que o anterior. E é aí que mora o perigo.

Primeiro, pela necessidade de montar estruturas para gerenciar esses programas: custo. Depois, pelo aumento agressivo da burocracia: tempo. Também, pela tendência em colocar a certificação como um fim. E, o pior: esses programas passam a ser interpretados como MAPAS e não BÚSSOLAS.

Acontece que neste nosso mundo o valor está justamente nas pessoas que encontram caminhos diferentes, que fogem do roteiro, que improvisam, que criam...

A bússola indica o norte. Aponta a direção. E as pessoas criam seus caminhos, longos ou curtos, tortuosos ou retos. Cada uma desenhando o trajeto conforme sua necessidade. Mas, para isso, as pessoas têm de pensar. E, quando não pensam, não querem bússolas. Transformamnas em mapas. Fórmulas prontas. Que digam exatamente o quê e como fazer. E todos aqueles programas ambiciosos são transformados em gigantescos checklists que, seguidos à risca, garantem consistência de resultados. Qualquer medíocre tem então um roteiro a seguir. E a empresa anda nos trilhos.

Pois bem. Acontece que, neste nosso mundo, o valor está justamente nas pessoas que encontram caminhos diferentes, que fogem do roteiro, que improvisam, que criam… Pessoas que dificilmente convivem com mapas acabados. Pessoas que dificilmente surgem em ambientes burocratizados, amarrados, controlados. Esses indivíduos lidam com valores intangíveis, entendem que o diferencial está nas sensações, nas percepções, no relacionamento. Sabem que não será a qualidade do produto ou a eficiência dos processos que garantirá o sucesso.

Será a inteligência, a ATITUDE das pessoas.

Mas inteligência exige o pensar. E como anda difícil encontrar gente que pensa…


Luciano Pires
Luciano Pires é escritor, cartunista, criador e apresentador dos podcasts Café Brasil, LíderCast e Cafezinho e interessado em ajudar você e sua equipe a refinar sua capacidade de julgamento e tomada de decisão.


Extraído PIRES, Luciano. Brasileiros Pocotó, Reflexões sobre a mediocridade que assola o Brasil, São Paulo, ed. 1, p. 99-100, 2003.

sábado, 3 de dezembro de 2022

Seleção ou Sucessão?

Luciano Pires

Durante a Copa, fomos bombardeados pela midia falando dos convocados e do esquema de jogo.

Milhares de páginas e horas discutiram o plano do treinador, as estratégias e táticas, as ameaças e oportunidades e os competidores. Afinal, tem coisa mais importante que ganhar a Copa? Tem.

Na campanha presidencial de 2002, assistimos aos discursos, à propaganda televisiva e à lengalenga de sempre de três ou quatro candidatos com chances de assumir a direção do Esporte Clube Brasil S.A. E o que discutimos?

Qual marqueteiro levaria vantagem. Qual campanha televisiva seria a mais criativa. Os novos ternos do Lula. A antipatia do Serra. O falatório do Garotinho. A mulher do Ciro.

A mídia medíocre ocupando espaços com temas medíocres, ajuda a moldar uma geração de analfabetos políticos.

Discutimos os acessórios. O principal, os PROGRAMAS, as propostas concretas para dar continuidade ao crescimento do País, ficaram em segundo plano.

Se discutíssemos a sucessão como discutimos a Seleção, com certeza teríamos mais inteligência, valor e conseqüência. Mas parece que a Seleção é mais importante que a sucessão.

Essa discussão vazia cria os analfabetos políticos, tão bem descritos por Bertold Brecht, escritor e teatrólogo alemão, no texto a seguir:

"O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política
Não sabe, o imbecil, que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das multinacionais."

Eu já topei com analfabetos políticos. Gente que se orgulha de dizer que não gosta de política, que não vai votar "nisso que está aí", votando em branco ou anulando ou simplesmente não votando.

"O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil, que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das multinacionais." (Brechet)

Uma espécie de protesto burro, que coloca nas mãos de terceiros seu próprio destino. Tenho notado no Brasil uma profunda ignorância sobre o que vem a ser política. Como faz com todos os problemas complexos, inclusive com o esquema tático da Seleção, o brasileiro simplifica. Reduz a política a troca de favores, a conchavos, a coisa de gente desonesta, disposta a tirar vantagens pessoais...

E tudo passa a ser "sempre assim..." e vira piada. Tá bom, fazer humor de suas desgraças faz parte do código genético do brasileiro, mas deixar o destino nas mãos de terceiros, não. Isso é burrice, para dizer o mínimo. Coisa de pocotó. E quem vota, sem analisar propostas, apenas interessado em benefícios imediatos ou no discurso "bonito" dos candidatos, é o que? Semi-analfabeto político! Pois tenho uma má notícia. Nosso destino está nas mãos de alguns milhões de semi-analfabetos políticos! Alguém duvida?

Se um programa de tevê é capaz de eleger um presidente da República da mesma forma como elege o vencedor do reality show... estamos encrencados. Essa constatação me leva a uma súplica.

Para que os meios de comunicação de massa, que hoje discutem o acessório, iniciem um processo de alfabetização política. Ainda há tempo.

Na próxima eleição, em vez de falar da barba aparada do Lula, falar de suas propostas. Em vez de falar do primo do Serra, falar de sua receita para o Brasil voltar a crescer. Que tal analisar de forma objetiva, inteligível para a população, os planos dos próximos candidatos?

Explicar o que existe de bom e o que é lengalenga? Dizer por quais razões não dá para praticar uma ruptura ou manter o modelo atual? Avaliar o currículo de cada candidato e suas possibilidades de cumprir as promessas? Avaliar quem são os prováveis ministros de cada candidato, quais suas idéias?

Da mesma forma como fazemos com a Seleção.

Se um programa de tevê é capaz de eleger um presidente da República da mesma forma como elege o vencedor do reality show...
estamos encrencados.

Essa comparação, se devida e repetidamente feita, com linguagem simples e didática, prestará ao Brasil um serviço maior que os milhares de minutos e páginas gastos diariamente com superficialidades.

Quando a mídia de massa começar a tratar seus leitores e espectadores como algo mais que analfabetos políticos, começaremos a mudar este País. E talvez ganhemos algo mais importante que a Copa.


Luciano Pires
Luciano Pires é escritor, cartunista, criador e apresentador dos podcasts Café Brasil, LíderCast e Cafezinho e interessado em ajudar você e sua equipe a refinar sua capacidade de julgamento e tomada de decisão.


Extraído PIRES, Luciano. Brasileiros Pocotó, Reflexões sobre a mediocridade que assola o Brasil, São Paulo, ed. 1, p. 75-77, 2003.

domingo, 27 de novembro de 2022

Insatisfação se resolve com ação

Pare de reclamar. Se você anda insatisfeito com o emprego, é hora de assumir a responsabilidade e tentar resolver o que tanto o incomoda

NÃO AGÜENTA MAIS SEU EMPREGO?

Você não está sozinho. Estudo divulgado nos Estados Unidos mostra que 87% da força de trabalho não está nada satisfeita com seu ganha-pão. O motivo de tanta frustração é, principalmente, a falta de autonomia e reconhecimento. É o que diz a consultora norte-americana Jane Boucher, autora do livro How to Love the Job You Hate ("Como amar o emprego que você odeia", sem tradução no Brasil). Segundo ela, o que os profissionais mais querem é ter liberdade para trabalhar e sentir que o que fazem é importante. Quando isso não acontece, vêm o desânimo e, em algumas circunstâncias, a revolta. Se esse é o seu caso, assuma sua parcela de responsabilidade pelo que está acontecendo.

Não há nada de errado em se sentir desmotivado quando você passa alguns anos no mesmo cargo. O fato se torna preocupante quando você se acomoda nessa situação. Para evitar que as coisas cheguem a esse ponto, algumas empresas desenvolvem estratégias para identificar e corrigir problemas de motivação — como avaliação 360 graus e canais de denúncia ao RH. Se você trabalha numa organização assim, vale a pena dar um voto de confiança.

Mas, para que isso dê certo, você também precisa fazer sua parte. Confira, no quadro a seguir, algumas das principais queixas do mundo corporativo e as orientações da consultora Rosa Bernhoeft, da Alba Consultoria de São Paulo, para resolver cada problema. Se nem assim você resolver, é hora de procurar vaga em outra empresa ou avaliar se você foi feito para o mundo corporativo. O importante é fazer algo que efetivamente possa trazer resultados positivos. E parar de reclamar!

MEU CHEFE É UM DESASTRE

  • A queixa – "Meu chefe fica com todos os méritos quando a equipe faz um bom trabalho e detona todo mundo quando há problemas:"
  • A solução – Deixe explícito para outros setores o quanto você participa dos projetos. Se todos fizerem o mesmo, o chefe se sentirá pressionado e agirá de outra forma.
  • A queixa – "Meu chefe vive controlando meus horários"
  • A solução – Pergunte a ele se os seus atrasos o incomodam ou se é apenas impressão. E chegue na hora!

NINGUÉM RECONHECE MEU VALOR

  • A queixa – "Faz três anos que não recebo aumento de salário."
  • A solução – Se você realmente tem motivos para solicitar um aumento, é hora de ter uma conversa com o chefe. Mas prepare bons argumentos. Dizer que o salário está congelado não basta.

MEUS COLEGAS SÃO PERIGOSOS

  • A queixa – "O pessoal que trabalha comigo deveria fornecer soro para o Instituto Butantan. Eta gente falsa e fofoqueira!"
  • A solução – Não participe das rodas de fofoca. Normalmente, só quem participa da "rádio-peão" acaba sendo atingido pelo falatório.
  • A queixa – "Só quem é puxa-saco do chefe consegue subir na empresa."
  • A solução – Se você adota os mesmos critérios para elogiar os chefes, os colegas e os subordinados quando eles merecem, não precisa ter medo de parecer puxa-saco. Se um colega age de outra forma, quem se expõe ao ridículo é ele.

SOU MUITO BOM PARA FAZER ISSO

  • A queixa – "Estudei seis anos da minha vida para passar o dia na frente do Excel..."
  • A solução – Até em ações repetitivas é possível implementar me-lhorias. Faça isso para sua satisfação — e se surpreenda com o reconhecimento de quem está de olho no seu trabalho.


Extraído BARBOSA, Martha. 25 dicas para você ser desejado pelo mercado, São Paulo, p. 8-10, Editora Abril, 2006.

sábado, 19 de novembro de 2022

A escola da vida

O que está acontecendo em seu dia-a-dia é resultado de um processo que você pôs em movimento. Observe o que a insatisfação deseja lhe mostrar e vá atrás da sua felicidade

Por Roberto Shinyashiki*

Divulgação

De repente, você está fervendo de mágoa. Mais uma vez alguém do seu departamento foi promovido e você sobrou. De novo, um sócio está roubando a empresa e você pergunta, perplexo: "Como é que isso está acontecendo?" Mais uma vez a pessoa que você está amando diz adeus. Ou pior: não diz adeus claramente, passa a não retornar seus telefonemas, espaçando o contato.

A vida vai ficando cada vez mais pesada. É importante perceber que tudo o que ocorre em nossa vida pessoal e profissional é resultado de um trabalho que está sendo construído há algum tempo.

Quando os resultados não são os esperados, chegou a hora de mudar. Muitas pessoas vivem iludidas, pensando que os resultados mudarão sem que façam algo diferente. Ou seja, fazem sempre as mesmas coisas e esperam que os resultados sejam diferentes.

É o caso do pai que bate no filho para que ele estude. O menino não muda, mas ele mantém a atitude. Bate de formas diferentes, mas continua com o mesmo processo. Um dia bate e grita. No outro, bate e corta a mesada. Depois corta a mesada e não deixa sair.

Certa vez uma leitora me enviou uma carta com a seguinte pergunta: "Roberto, sou muito possessiva e controladora, e percebo que, se mostro isso no iní-cio dos relacionamentos, meus namorados vão embora. A partir de que momento posso mostrar essas características a eles?"

Minha resposta foi: nunca. Ninguém gosta de ser controlado e dominado. Trabalhe a sua insegurança. O problema não é mostrar, e sim deixar de ter esses traços de personalidade. Muitas pessoas, em vez de mudar, ficam agressivas como animais selvagens ao ser atacados. O perdedor age como um animal na jaula: fica agitado porque se sente sacaneado. Na verdade, vive prisioneiro numa jaula construída por sua imaginação. A vantagem é que essa jaula não tem grades de ferro. É confeccionada de ilusão, e ele é o dono da chave. Pode sair de lá quando quiser.

Não adianta reclamar se o colega foi promovido e você não. Adianta perguntar-se o que ele fez para merecer a promoção e como você pode mostrar sua competência para ser mais valorizado.

Tampouco resolve lamentar que o sócio seja ladrão. Quantos amigos você tem que possuem sócios honestos? Por que eles escolheram melhor que você?

É inútil chorar a partida da pessoa amada. Vale mais questionar por que não consegue aprofundar os vínculos de seus relacionamentos afetivos. O que está acontecendo? Por que ela não quis ficar com você?

PARE DE SOFRER INUTILMENTE

O sinal de alerta da mudança toca sempre que substituímos a alegria de viver pela preocupação. E a fluidez pela tensão. Nesses momentos, você tem de tirar o barco do porto e colocá-lo no mar, rumo a um novo mundo.

Cada um de nós tem uma área da vida que necessita ser cuidada com mais atenção. Se alguma parte de sua vida anda aborrecida e sem sal, é sinal de que precisa ser mais bem cuidada. Afinal de contas, é a sua felicidade que está em jogo.

É claro que ninguém pode comprar a alegria de viver na padaria da esquina. Temos de aprender a conquistá-la. As lições estão dentro de nós. Precisa-mos ser professores e alunos de nós mesmos.

Na Índia, os mestres dizem que a diferença entre alguém que está com câncer e alguém com dor de cabeça depende da intensidade da aula que a pessoa está precisando. Na vida, quanto mais teimoso for o aluno, mais as aulas serão dolorosas. Quanto menos o aluno aprender, mais a vida vai bater pesado para que acorde e aprenda.

A escola da vida funciona assim. Se a pessoa está insatisfeita e fica em casa reclamando da sina em vez de tentar mudá-la, vai se tornar cada vez mais angustiada, arrumar uma úlcera ou uma depressão. Ela tem a ilusão de se acostumar com a dor, mas o pior é que a dor não pára de aumentar. A alegria de viver fica tão inacessível quanto o pico Everest.

Negar uma necessidade nunca foi boa solução. O problema vai continuar até a pessoa se convencer de que precisa sair daquela situação e começar algo novo. Essa é a lição que está fazendo falta. Quando nos recusamos a aprendê-la, o problema se agrava.

Muitas vezes, as pessoas insistem em comportamentos que dão resultados negativos e depois reclamam. Não percebem que reclamar é inútil e que a única saída é analisar a situação e buscar solucioná-la. Fazer as mesmas coisas e esperar que os resultados mudem é acumular sofrimento. Isso nos deixa amargos. Na vida, nós somos problema ou solução. Se formos parte do problema, ninguém vai gostar de ficar ao nosso lado. Se formos solução, conseguiremos fazer com que os outros tenham vontade de estar conosco e nos ajudar.

O psicanalista norte-americano Erick Ericsson disse que, por volta dos 50 anos, as pessoas se encontram numa encruzilhada existencial, entre a amargura e a sabedoria. Aquelas que aprenderam a viver conquistam a maturidade. Mas as que percebem que estão se aproximando da morte ficam amarguradas.

Quem aprendeu a simplificar a vida desfruta cada dia com alegria. Quem só aprendeu a reclamar de tudo terá de agüentar o peso da vida por mais algum tempo.


Roberto Shinyashiki
* Roberto Shinyashiki é psiquiatra, escritor, conferencista e idealizador do programa de treinamento Universidade de Líderes — As Estratégias das Vitórias (robertoshinyashiki.com.br)


Extraído Frente de Batalha. Revista Vencer, Rio de Janeiro, ano 2003, a. 5, ed. 56, p. 12-13, 2003.